sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Em busca da casa nova

O Programa Monumenta do Ministério da Cultura (MinC) oferece financiamento a juros “zero” e prestações em até 20 anos para restauração de móveis privados localizados em sítios urbanos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os recursos são do banco Interamericano de desenvolvimento (BID), além das contrapartidas Estadual e Federal, e apoio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
De acordo com esse programa, cidades e pessoas têm sido beneficiadas. Em Cachoeira, Bahia, por exemplo, a moradora Márcia Maria Ramos, residente do Bairro Currais Velhos, no ano de 2006, tomou conhecimento do Programa Monumenta através de amigos. A partir daí vê-se a dificuldade. Depois de ir ao Iphan se inscrever nesse mesmo ano, foram dois longos anos de burocracia, filas em banco, idas ao Fórum e muita luta e persistência até a aprovação e então o início das obras em 2008.

Um caso bem sucedido

O caso de Dona Maria foi bem sucedido, pois ela teve muita paciência para encarar todas as etapas do Programa. Etapas essas como a renda financeira da família, que só pode ser de 1 a 3 salários mínimos, a casa inscrita no Programa tem que ser própria, a pessoa não pode estar com o nome sujo na praça e a planta do projeto tem que ser previamente aprovada pelo Programa.
Dessa forma, muitos são os casos que esbarram numa ou outra dificuldade. Grande parte desiste diante da burocracia necessária. Mas apesar de tudo isso, tem sido de grande importância o Programa Monumenta que valoriza a reconstrução do patrimônio histórico das cidades e possibilita através de um financiamento viável com baixas prestações a longo prazo a reconstrução de casas, muitas vezes em ruínas, de muitas famílias pobres que só assim podem viver melhor.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Uma luta vencida todos os dias

Foto: Marília Marques



Valter Evangelista da Silva, ainda jovem, começou a beber por influência de amigos no trabalho. Antes disso não bebia, pois seu pai nunca bebeu e nunca ofereceu aos seus filhos. Valter começou a beber todos os dias. Antes de ir para o trabalho, no intervalo do serviço e quando saía do trabalho, nos finais de semana não tinha hora para voltar para casa e muitas vezes nem voltava.

Ele há 20 anos sem beber e se considera recuperado. Com consciência de sua doença, de que não tem cura, refere-se ao álcool como uma droga que, antes de matar, desmoraliza o homem. Diz que precisa de muita força de vontade para se libertar do alcoolismo que é a 2ª doença que mais mata no mundo. Diz também que a família pode influenciar, mas só a própria pessoa pode lutar contra a doença.


Uma nova fase

Para Valter Evangelista, o alcoolismo é uma doença mental, espiritual e progressiva. Diz que o álcool é gostoso e dá “força” e coragem aos jovens, assim como outras drogas, e por isso muitos começam a beber. E diz que o governo preciso informar mais os jovens sobre as conseqüências que o álcool traz e sobre a doença. Para ele o alcoolismo tem que ser tratado como um caso de saúde publica.
“O problema maior é não saber beber. O alcoólatra bebe para dormir e acorda para beber” (Valter Evangelista da Silva)
Hoje, ele integra o grupo dos Alcoólicos Anônimos Nova Esperança em Cachoeira – BA onde homens e mulheres compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo.

Nova forma de tratar a mente

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira, demonstrando a possibilidade de organização de uma rede substitutiva ao hospital psiquiátrico no país. As funções dos CAPS são a de prestar atendimento clinico em regime de ação diária, evitando assim as internações em hospitais psiquiátricos e promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais. Os CAPS são os articuladores estratégicos da política de saúde mental num determinado território.
O CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. São serviços de saúde municipais, abertos, comunitários, que oferecem tratamento diário às pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, realizando o acompanhamento clinico e a reinserção social destas pessoas através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e Infanto-juvenil (CAPSi). Esta divisão é de acordo com o porte dos municípios. Em Cachoeira contamos com o atendimento do CAPS I e rede básica com ações de saúde mental, que são para municípios entre 20 a 70.000 habitantes.
O Centro de Atenção Psicossocial Ana Nery, localizado em Cachoeira – BA, conta com o grupo terapêutico, atendimento individual, grupo familiar, oficina medicamentosa, atendimento à crise e assembléia dos usuários. Oferece oficinas terapêuticas, palestras preventivas sobre prevenção a doenças, respeito ao meio ambiente, cidadania (principalmente antes das festas e férias). A grade de palestras é flexível buscando atender as necessidades e urgências que surgem.

O CAPS em Cachoeira

Como o CAPS Ana Nery é do tipo I, atende crianças apenas no ambulatório. Com a psicóloga Marina Andrade. O paciente só pode freqüentar o CAPS diariamente a partir dos 18 anos e no ambulatório adulto o atendimento é feito pela psicóloga Amanda Prata. O governo oferece apenas cinco tipos de medicamentos de alto-custo e o paciente precisa de um documento para ter direito ao medicamento. A responsável por esse documento e toda parte burocratica a assistente social Liliane Silva. Ela diz que o papel do assistente social é assegurar os direitos do usuário.
As oficinas terapêuticas, realizadas pela educadora física e artesã Maria da Graça Teixeira, produz artesanatos feitos pelos próprios pacientes e que são vendidos em feiras promovidas também por eles, promove oficinas e palestras informativas sobre DSTs, abortos, culinária, meio ambiente. Organizam também um coral, campeonatos esportivos, além de jogos de tabuleiro. Os pacientes passam os dias no CAPS com direito a alimentação, higienização pessoal, lazer e o próprio tratamento das 8h às 16h.
A equipe do CAPS Ana Nery alega necessitar de parcerias com a comunidade, com instituições, do comércio e também da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, para auxiliar tanto no tratamento quanto na reinserção dos pacientes e também na divulgação do seu trabalho. Como a equipe do CAPS Ana Nery diz: “Na vida a gente não vive sozinho”.

Chiclete para os olhos

Dias sem televisão – que maravilha! Libertação do meio de comunicação mais alienante. Parece até uma manipulação. Nos situamos diante da programação desta caixa preta e nem precisamos olhar para o relógio para sabermos a hora, ela nos guia dia e noite sem nos darmos conta. Mas quando paramos e ficamos sem ela – que coisa estranha!
Há quem ache uma libertação, assim como eu. No entanto, outros devem se ver perdidos, sem suas orientadoras diárias. Mas até eu que vejo pelo lado bom não ter uma televisão, às vezes me sinto fora do ar, sem aquele cofre que abre as portas do mundo sem sairmos e sem precisarmos de filas e senhas. Deve ser questão de costume e de educação também. Claro que existem outras formas de se informar, só estamos viciados com a comodidade e a facilidade de pararmos na frente da caixinha preta, apertar o botão “ligar” e: senhoras e senhores, bem vindos a bordo! Temos inúmeras programações para acorrentar vossas pessoas no sofá.
Mas é claro também que a televisão não é monstro, nem vai nos aprisionar em calabouços à base de pão e água. Na programação não só passam coisas ruins. O vilão muitas vezes pode ser o mocinho que informa de uma maneira comprometida com seu telespectador ou que produz um programa que traga cultura, boa música e educação. Cabe a nós selecionar aquilo que vamos assistir, depende do nosso senso crítico para isso. Não percamos nossa sensibilidade e uma boa dose de seletividade ao pararmos na frente da TV, isso nos tornará menos alienados, garanto!
Acontece o mesmo com a internet, se pararmos para analisar. Uma rede sem fim de informação que na maioria das vezes é usada de maneira inadequada, sem educação. A maioria das pessoas ainda consegue viver sem internet, o que não acontece muito com a televisão, porém, a cada dia o número de pessoas que acessam a rede cresce mais. E como a TV, o que não falta é entretenimento.
Mas como estamos acostumados a muito ouvir, o segredo é saber selecionar, porque a faca de dois gumes existe, companheiro, só escolha o lado menos amolado para fincar no seu cérebro. Basicamente o que falta é abrir de fato os olhos quando pararem em frente à televisão, não se deixem levar pelo comodismo e pela programação vaga e vazia que invadem nossos lares. Protejam suas crianças dessas maquinas massificadoras e não passem muito tempo em frente a elas.
Contudo, como já disse, todo mundo está cansado de ouvir essas recomendações. Por isso, minha solução para hoje é: assistam mesmo tudo que houver de porcaria na TV, amigos, passem dias a fio sem se levantar do sofá, deixando-se guiar, apenas, pelas imagens do aparelho doméstico mais consumido do mundo. Absorvam tudo de inútil e fútil que esse aparelho lhes proporcionem. Queimem a maioria dos seus neurônios. Sim, façam isso. No final, só irão sobrar os que levaram a sério o tão famoso clichê de recomendação, os fortes. E não, eu não sou drástica. É só a lei de Darwin, amigos, só a lei de Darwin.